Tênis

Bons treinadores de tênis, assim como bons professores, são a exceção. O que encontramos, as mais das vezes, é mediocridade. É raro encontrar um indivíduo que concentre em si não só o conhecimento da arte que ensina, mas também paixão por ela; que não só é dedicado ao seu trabalho, mas também sabe como se comunicar. Sim — os bons treinadores são raros.

No artigo abaixo, vamos procurar entender melhor alguns dos aspectos com que se defronta o treinador de tênis. Vêm à tona questões de comunicação, de ritmo de aprendizado, de frequência de treinamento e de adaptação. 

As dicas abaixo são de natureza geral. Não buscamos ensinar técnicas específicas, mesmo porque estas variam de acordo com o nível do jogador e fogem ao tema do post de hoje. O que você encontrará a seguir são recomendações que se aplicam, de certa forma, a qualquer tipo de aprendizado. 

Esperamos que os princípios abaixo possam contribuir um pouco para que você se torne um treinador ou treinadora melhor de tênis.

Preparação mental: De que precisa o treinador?

Ensinar tênis é algo que deve ser feito estrategicamente. Assim como Sun-Tzu recomenda ao bom general “conhecer a si mesmo e ao inimigo”, o treinador deve conhecer a si mesmo e a seu aluno. Isso é fundamental.

É impossível conseguir treinar bem se você, antes de mais nada, não tem controle sobre si mesmo. Se não consegue dominar suas emoções, reter a calma e ter sempre em mente o objetivo: ensinar. 

Com isso em mente, vejamos alguns dos aspectos mentais essenciais para ser um bom treinador de tênis.

Paciência

Paciência

Antes de mais nada, um bom treinador deve ser paciente. Óbvio? Talvez, mas não para todos. Não é raro ver um treinador gritando com o aluno, impaciente, sem controle. Esse tipo de comportamento é a melhor forma de desanimar o aprendiz e levá-lo a perder interesse pela arte. Ser impaciente é sinônimo de ser mau professor.

Claro, para quem sabe muito sobre um determinado assunto, pode ser difícil lidar com gente que não sabe quase nada. Para um treinador que passou a vida desenvolvendo sua técnica em um certo esporte, nem sempre é fácil ver um aluno iniciante trucidar sua arte com uma postura ruim, técnica inexistente e falta de vontade de aprender. 

Mas, como diz o ditado: “A paciência começa quando a paciência acaba.” Então o bom treinador precisa saber olhar para dentro de si e perceber a hora em que sua paciência está se esgotando — é justamente agora o momento de respirar fundo, se concentrar, e voltar ao treino com energia renovada.

É preciso paciência. Muita. E sempre.

Tranquilidade

O tênis é um esporte difícil. É, até, um dos mais complicados e técnicos que existem. Se você joga tênis, você sabe bem disso — são precisos talvez uns bons dez anos de treino constante para o jogador chegar a um nível semiprofissional. Muito mais do que a maioria dos outros esportes!

Sabendo disso, não compensa ter pressa. É preciso estabelecer um ritmo tranquilo de aprendizado, evitando que o aluno adquira vícios que, mais tarde, levarão ainda mais tempo para corrigir. Cada aula é uma aula, e de pouco em pouco é que vêm as grandes conquistas. Lembre-se sempre disso.

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Nem sempre, é claro, é fácil estabelecer um ritmo tranquilo. Quem treina crianças sabe bem que certos pais exigem dos treinadores resultados imediatos para seus filhos novos, sem ter a mínima noção das dificuldades e desafios que a prática do tênis traz consigo. 

Em casos assim, é importante ter uma conversa clara com os pais. Deixar claro que é impossível ter resultados realmente bons em pouco tempo, e que uma pressão demasiada pode ser um tiro que sai pela culatra, fazendo a criança perder todo interesse no esporte.

Ânimo

O bom treinador é animado e comunica esse ânimo aos alunos. É importante, para isso, ser apaixonado pelo jogo. Se você não o é, então por que quer ensinar tênis? Pelo dinheiro? Esse tipo de motivação nunca formou um grande treinador — ponha de lado a mentalidade mesquinha, pois o que vem antes de mais nada é a paixão pela arte e “todo o restante vos será dado por acréscimo”. 

Ser bem pago nunca é ruim, mas um foco excessivo na sua renda como treinador é o caminho mais rápido para a irrelevância.

Acima de tudo, o treinador experiente precisa saber incentivar o aluno — despertar nele o interesse pelo esporte, pela arte do tênis. E, para isso, é fundamental começar devagar, como já mencionamos acima.

Não se deve sobrecarregar o iniciante com inúmeras informações ou repreendê-lo por errar em alguma coisa. A boa técnica exige tempo, e o treinador competente sabe que tem uma longa jornada pela frente. Devagar e sempre.

Treinando o jogador:

Treinando o jogador: Várias abordagens

Ensinar a jogar tênis bem é, acima de tudo, questão de técnica. Mas a abordagem que o treinador adota depende dos pontos fortes e fracos do aluno, bem como da personalidade do próprio treinador.

Todos os aspectos que veremos abaixo são essenciais. Todos devem ser abordados. Mas, de acordo com cada caso, alguns podem levar prioridade sobre outros.

Vejamos.

Técnica

Sem técnica, é impossível jogar bem. Um saque bem feito possui toda uma mecânica correta que leva a raquete a acertar a bola no ângulo certo, com a força certa. A posição do jogador, dos pés à cabeça, segue uma técnica certa que precisa ser desenvolvida.

Essa técnica que parece natural nos jogadores profissionais só foi adquirida a muito custo e suor, e não pode ser descuidada no seu ensino.

A abordagem técnica procura identificar e corrigir os erros que o jogador faz. É aqui também que o treinador se concentra em evitar a formação de vícios: pequenos erros na empunhadura, na postura ou na orientação do corpo. 

Embora pareçam inofensivos, esses erros, se repetidos ao longo de meses ou anos de treinamento, viram instintivos para o jogador. Os vícios mantidos por muito tempo são muito difíceis de remover, por isso o treinador deve atentar para eles desde o começo.

O condicionamento físico

Um aspecto importantíssimo de qualquer esporte, o condicionamento físico assume ainda mais importância no caso de esportes como o tênis, onde os movimentos bruscos ameaçam causar lesões sérias se descuidado esse aspecto.

Todo bom treinador dedica boa parte da sessão de treino ao aquecimento, além de garantir que o aluno mantenha um bom condicionamento de cardio e esteja em boa saúde de forma geral. Isto é essencial.

Mas, para certos treinadores, a fisicalidade pode assumir importância ainda maior. Isso porque estar “em forma” para o tênis também pode dar maior capacidade mental e energia para os jogadores, indo mais além dos benefícios óbvios de ter um braço forte ou um fôlego bom.

Como no caso das outras abordagens, é preciso focar no lado físico no caso de jogadores cujo condicionamento é seu ponto fraco. Pode ser importante insistir que o jogador se mantenha em boa forma, corra diariamente e faça outros exercícios essenciais para manter seu corpo em bom estado.

A preparação mental

No caso de jogadores competitivos — e certamente seu aluno vai querer participar de campeonatos em algum momento —, a preparação mental é um dos aspectos fundamentais. Toda competição, seja ela no esporte ou fora dele, é acima de tudo uma disputa mental. E isso também exige treinamento.

Alguns jogadores têm ótima técnica e bom condicionamento físico, mas pecam justamente por terem um emocional fraco, reagindo mal à pressão do ambiente competitivo. Isso é um defeito sério em um jogador de tênis, mas que, como qualquer outro defeito, pode ser curado com esforço e dedicação.

Para ajudar o jogador com psicológico fraco, é importante entender bem a psicologia dos esportes. Livros como Mind Gym, de Gary Mack, estudam como os grandes atletas de todos os tempos cuidavam do importante aspecto mental, e podem ser uma ajuda enorme tanto para o treinador quanto para o jogador.

 Outro aspecto mental que é particularmente difícil para crianças e jovens é lidar com a derrota. Por melhor que seja, todo esportista deve aprender a reagir da forma certa quando é derrotado — coisa que pode ser dificílima para alguns.

A fim de ajudar o jogador a se recuperar rápido após uma derrota, é preciso demonstrar que uma só partida, um só evento ou mesmo um período ruim não são essenciais, a longo prazo. Trazer o foco de volta para o aprendizado e para a experiência ganha é algo que sempre ajuda a pôr as coisas em perspectiva, tirando as conclusões da partida perdida e seguindo em frente para as batalhas futuras.

Outros aspectos importantes

Existem inúmeros pontos a ter em mente quando se ensina tênis. Entre vários aspectos importantes, temos:

  • expectativas: 

o jogador deve aprender a dosar suas ambições — para não gerar desapontamento, as expectativas devem ser proporcionais ao esforço aplicado. Não dá para querer jogar bem sem uma dedicação imensa, e isso deve ser compreendido desde o começo.

  • metas: 

como diz o velho clichê, “metas vagas produzem resultados vagos”. Mas é verdade, e é algo que o jogador e o treinador devem combinar entre si. Metas de treinamento e de desempenho são uma forma excelente de estimular o aluno, acompanhar o progresso feito e identificar pontos a serem trabalhados.

  • conhecimento: 

para saber jogar tênis bem, também é muito útil estudar a história do tênis, assistindo partidas de grandes jogadores, estudando a teoria e procurando entender o que faz um grande jogador.

  • regularidade: 

treinos esporádicos raramente levam a um progresso significativo. Para surtir efeito, o treinamento deve ser constante e regular — de preferência duas ou mais sessões de 1-2 horas por semana.

Conclusão

Esperamos que as abordagens e reflexões acima sejam úteis para você!

Lembre-se: Ser treinador, ou ensinar seja o que for, nunca é fácil. Tanto mais no caso de um esporte notoriamente exigente, como é o caso do tênis. Mas por isso mesmo, ser treinador de tênis é uma atividade muito recompensadora para quem a ela se dedica. 

Poucas coisas trazem mais satisfação do que ver o desenvolvimento técnico, físico e emocional dos alunos. Ensinar ajuda você a se desenvolver como pessoa, pois para ser um bom treinador você não pode “enferrujar”, e deve estar sempre treinando suas próprias habilidades e procurando compreender melhor a si mesmo e aos outros. É uma profissão que vale a pena.